por Thiago Paes
Sabe aquela promoção de passagens imperdível? E aquele hotel all inclusive em Cancun? Praias, Neve, Vinícolas. Sempre fui um apaixonado por viajar. Desde criança meu brinquedo preferido era um avião. Gosto do barulho das turbinas, do sobe e desce da aeronave, das chegadas e partidas nos aeroportos.
Lembro que quando chegava de uma viagem bacana meus amigos me perguntavam como foi? Quanto foi? O que era melhor fazer. Logo minhas viagens foram ganhando cara e histórias. Nas reuniões de amigos sempre tinha aquele que puxava o coro “conta aquela do aeroporto de Paris sem falar francês... e aquela da classe executiva sem querer indo pra Itália... e aquela de ter esquecido o celular no taxi em Cusco e ter que ligar para o hotel”. Qualquer viagem rende muitas histórias. Dai veio o blog, as dicas, o instagram...
Mas viajar não é barato.
E não é barato para ninguém. Primeiro porque você não está em sua casa, em sua cidade. E fora de casa você vai pagar por tudo: pelo copo de água, pelo café da manhã, pelo táxi ou uber, pelo transfer, pela ligação telefônica, internet, por aquelas horinhas a mais no hotel ou apartamento...
E tem mais, numa viagem a gente acaba pagando por outras coisas que nem sempre estávamos pensando em gastar: como o metrô pro lado errado; aquele prato que dava para dois e pedimos um pra cada; aquele voo com precinho imperdível, mas com pernoite no aeroporto de Joanesburgo; visitar o Machu Picchu no frio e coberto de nuvens e ter que voltar no dia seguinte, em fim, eu já passei por tudo isso e lembro bem o que estou falando.
Para que consigamos viajar é preciso reunir alguns fatores imprescindíveis: orçamento (quanto posso gastar), tempo (quando posso ir, ficar, voltar, dias, horas), como vou me comunicar (chip só de internet ou com ligações, e no navio? em inglês?)... são muitos os fatores.
Há pessoas, como eu, que adoram programar suas próprias viagens e a internet proporcionou nossa independência: blogs, sites de viagem, buscadores, aplicativos, sinceramente, sou o maior fã dessa revolução tecnológica. Feliz em viver o início de tudo isso, do surgimento de coisas novas e da renovação das tradicionais.
A tecnologia todos os dias nos mostra ser cada vez mais fácil saber o que fazer: “Como ir para a Índia”, “qual a distância entre Munique e Praga de carro”, “quanto tempo vou gastar de trem”, por exemplo.
“Estrelinhas”, “super fãs”, adjetivos como “fabuloso”, “muito bom”, “seguidores” passaram a definir nossas escolhas. Dificilmente vou a um lugar com baixa avaliação no google ou tripadvisor. A tecnologia, de fato, nos ajudou a saber o que fazer, mas, e “como fazer?”
A maneira, a forma, o que viver, encontrar, sentir, experimentar, o meu jeito dificilmente a tecnologia vai poder me dizer. E assim acontece em todas as áreas do conhecimento. Uma busca no google talvez fará você saber rapidamente se aquela dor que está sentindo nas costas é coluna ou cálculo renal. Mas isso dispensa a consulta médica? O tratamento? Claro que não. Também não se dispensa consultas ao psicólogo, ao nutricionista, ao advogado, ao engenheiro, embora muitas informações dessas consultas estejam ali na internet.
E quando falamos de informação na internet, abre-se um mundo de novidades, muitas delas, ainda, desencontradas. Ou você nunca viu aquele site ou blog contar sobre um lugar que não existe mais?
É engraçado assistir a um vídeo daquele garoto que viajou com amigos contando sobre como economizou na viagem, ou aquela menina que fez um mochilão sozinha pela Europa, ou ainda aquele que conta sua ”primeira vez em Buenos Aires”, “O que fazer em Paris, Amsterdã, Oslo”, mas dificilmente alguém que foi a Índia uma única vez pode definir minha próxima viagem ao continente asiático.
Dificilmente eu com meus pais sexagenários almoçaríamos um sanduíche no meio da rua em Lisboa para economizar na viagem, ou nos hospedaríamos mais baratinho no Bairro Alto, também em Lisboa, onde a boêmia da cidade vai até madrugada, se queríamos uma viagem com sono tranquilo.
Eu posso arrumar minha casa sem um arquiteto, ou resolver um problema sem um advogado, tomar um remédio sem ir ao médico, ou viajar pesquisando sozinho com a ajuda da internet, mas isso sempre será possível? Estarei sempre em vantagem?
Tenho um amigo que achou uma promoção imperdível para Paris. Segundo ele, economizou uns R$500,00 em relação ao preço da agência que ele ligou, só pra comparar mesmo, porque ele adora resolver tudo da viagem sozinho. O vôo sai de São Paulo as 11h da manhã, e como ele mora em Curitiba (menos de 1h de vôo), não hesitou em comprar aquela promoção relâmpago, últimos lugares, e economizar um bom dinheiro.
- Mas, um vôo internacional requer que o passageiro chegue com 3h de antecedência! - lembrei a meu amigo.
Bom, ele tinha duas opções: viajar num voo super cedo para chegar em São Paulo até às 8h da manhã ou viajar um dia antes e dormir em São Paulo.
Sabe aquela promoção imperdível?
O voo as 7h da manhã saindo de Curitiba custa quase 1mil reais (o horário mais caro do dia); dormir em São Paulo requer gastar com hotel e transporte. Pior que isso foi saber que as 11h de viagem até seu destino na Europa faria ele chegar as 10h da noite de segunda feira, ou seja, apenas para dormir e aproveitar a cidade no dia seguinte (mais uma diária em vão). Sabe aquela promoção imperdível? Acabou saindo bem mais caro.
Promoção é promoção, sempre vai existir e terá sempre seu público, seu momento, sua razão. Eu não perco uma boa promoção que tenha a ver com meu perfil de viagem, destinos que quero conhecer, com horas de vôo, escalas e conexões adequadas...
Mas uma boa informação vale ouro. E informação é fruto de muita pesquisa, estudo, conhecimento da região, dos motivos, do período... não é assim que médicos, psicólogos, advogados, engenheiros, nutricionistas e outros profissionais se formam? Ou seja, por meio de pesquisas, estudos... assim também é o agente de viagens, que ao visitar por diversas vezes um hotel, uma cidade, um parque, uma rua, um restaurante, o faz com um olhar técnico a fim de estabelecer uma conexão entre aquela experiência e o perfil de cada cliente viajante. Ou será que devemos sempre dispensar o profissionalismo de arquitetos, mecânicos, publicitários, depois de assistirmos um vídeo de “como fazer” no YouTube?
Eu não dispenso a opinião de um bom jornalista, com quem me identifico, em detrimento daquela notícia da internet. O mundo está cheio de fake news. Mas confesso que já fiz dieta sem nutricionista, arrumei a casa sem arquiteto. Mas será que é somente isso que um nutricionista faz? Dietas? Que um arquiteto faz? “Arrumar casa”?
Um relato de viagem é a experiência de quem esteve apenas uma vez em determinado local, e isso é maravilhoso, nos inspira a conhecer, viajar. Mas definir uma viagem que pode custar 10, 20, 30, 50 mil reais, ou mais, sem ajuda de um profissional pode ser uma tarefa árdua e levar meses e até anos e ainda ser uma experiência menor do que poderia ter sido.
Pra encerrar, não quero tomar o seu tempo, e tempo é dinheiro... lembro-me de quando fui ao Mosteiro dos Jerónimos, em Belém-Portugal, ano passado pela enésima vez. Mas agora diferente, decidi acompanhar um grupo com um guia. E foi impressionante! Eu, que já havia estado ali várias vezes, parecia que nunca tinha ido, era o que mais perguntava, o que mais estava surpreso com a quantidade de informações, as quais, antes, haviam passado despercebidas.
Se você esteve sem guia no Mosteiro dos Jerónimos, dificilmente percebeu que nas colunas os construtores daquele monumento secular fizeram símbolos pagãos, talvez para contrariar a ordem religiosa do momento histórico. Os símbolos são impressionantes e estão ali na frente de todo mundo e pouca gente vê.
É bom saber que os sites que vendem viagens na internet são um grupo de empresas, mas que existem muitas outras fornecedoras de produtos turísticos as quais o agente pode ter acesso e nos oferecer melhores opções.
As taxas que os sites cobram são as mesmas que os agentes cobram.
De toda forma, não esta nas mãos do agente de viagem a certeza de tudo, e nem é ele responsável pela perfeição de sua experiência de viagem, mas, de certo, você estará diante de um profissional que vive aquilo todos os dias para fazer o melhor por seus clientes.
Uma boa viagem requer uma análise profissional em que o resultado seja: o melhor pelo melhor preço.
Pense nisso!
#fotos arquivo wix.
Olá, Thiago! Cheguei até o seu artigo por meio de um post no Instagram da @deniseavila507. Excelente artigo! Acho que todo viajante deveria ler isso! Rsrsrs. Eu comecei a viajar com agentes de viagens e depois de um tempo comecei a planejar as minhas próprias viagens. Assim como você, com os anos, as viagens, as histórias para contar, também criei um blog e redes sociais. Mas ainda hoje para algumas coisas contrato agentes, guias... Super valorizo o trabalho de todos do meio do turismo. Como em toda profissão, tem uns picaretas... rsrsrs. Mas faço a lição de casa para não ser “enganada”. Obrigada pelo texto leve e descontraído. Abraços
Adorei sua matéria! Parabéns!!
Realmente interessante, muito mesmo pela comparação com outras profissões, todos estudamos para o que somos, medicos, arquitetos ou agentes de viagens, conhecimento é tudo.
sensacional sua matéria dos agentes de viagem! Parabéns pela sensibilidade!